O aprendizado do latim exige do interessado, antes de mais nada, a compreensão daquiles que são os principais elementos que o diferenciam das línguas modernas que dele se originaram, como o português, por exemplo. Tal diferença é a presença de casos e declinações. Dificuldade inicial que afasta muitos alunos da língua latina, a compreensão da relação entre os casos e as declinações não é assim tão complexa e, depois de alguma dificuldade para memorizar as terminações necessárias a serem adicionadas às palavras variáveis (substantivos, adjetivos e pronomes), o latim passa a ser uma língua como as que estamos mais habituados.
Mas o que são afinal os casos e declinações?
Os casos, grosso modo, assemelham-se às funções sintáticas de uma língua como o português, por exemplo, espanhol, italiano, etc. Assim, o primeiro dos casos latinos é chamado nominativo (relativo ao nome), que exercerá função equivalente a de sujeito da frase, ou seja, sempre que uma palavra for sujeito da frase em português, estará no caso nominativo latino, ou vice-versa. O nominativo engloba ainda o predicativo do sujeito (quando há verbo de ligação).
As declinações são terminações (sempre fixas e convencionadas) agregadas às palavras variáveis para dar conta da função (caso) que exercem dentro da frase. O latim possui 5 declinações (modo como as palavras variáveis terminam). A primeira delas é a das palavras terminadas em "A", em sua maioria, como no português, do gênero feminino. Como exemplo temos rosa, regina (rainha), puella (menina), mas nauta (marinheiro).
Casos e declinações, assim, estão sempre em íntima relação, permitindo que vejamos pelas terminações das palavras, que funções estas palavras exercem dentro da frase. Em línguas como o português é preciso proceder à análise sintática para descobrir tais funções.
Visando tornar mais claro o exposto acima, basta por ora saber que um dos casos latinos, o acusativo (caso do objeto direto) é marcado na primeira declinação, quando singular, pela letra "M".
Vejamos, pois, o seguinte exemplo:
Ana mata Flávia.
Facilmente podemos deduzir quem é sujeito na frase e quem é objeto, certo? Há, porém, alguma diferença gráfica entre aquela que pratica a ação e aquela que a recebe?
Por isso, neste caso, não podemos trocar impunimente a ordem dos termos na oração acima, sob custo de invertermos por completo o que pretendíamos dizer:
Flávia mata Ana.
No latim, que explicita as funções sintáticas (casos) por meio de terminações (declinações), tal problema não ocorreria. Vejamos:
Ana necat (mata) Flaviam.
Por ser Ana sujeito, nenhuma alteração é feita, pois a letra do sujeito (nominativo) já é o "A". Flávia, porém, como objeto direto (acusativo), recebe a letra "M" depois do "A". De modo que em latim, podemos traquilamente proceder a inversão:
Flaviam necat Ana.
Continuamos dizendo a mesma coisa, pois Flávia leva consigo, graficamente, a terminação que diz qual é sua função dentro da frase.
Para finalizar este tópico, vale a pena reforçar a idéia de que no português também há casos e declinações, só que os primeiros desapareceram, e as declinações restaram apenas para marcar as diferenças de gênero e os plurais.
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olá, Pedro.
ResponderExcluirNão é de agora que tenho visitado seu blog. E, sinceramente, agradeço muito por tê-lo criado, por várias vezes encontrei boa ajuda para minhas pesquisas aqui.
Se não for incômodo pra você, bom, estou precisando de uma mãozinha.
Na internet é complicado encontrar boas fontes para pesquisar a etimologia mais profunda das palavras e, colaborando com isso, tenho pouco conhecimento na área, portanto não consigo sequer ter noção de quais livros poderiam me ajudar.
Eu preciso compreender melhor a origem, as digressões, e os significados da palavra "Perfeito"
Per-fectus
per-ficere
per-ficio
per-fectum
etc.
Você pode me ajudar?
Caso seja possível, meu e-mail é daniel.alabarce@gmail.com
parabéns pelo blog!
abraços!
Muito bom o blog!
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